segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Eu odeio o feminismo

EU ODEIO O FEMINISMO!!!

Mas, calma! É só o nome do meu travesseiro, que é muito duro e fino :/


- Feminismo em toda sua finesse

Bem na verdade, esse texto não tem nada a ver sobre feminismo, tirando o clickbait óbvio (clickbait pra quem nem divulga o próprio blog).
Na verdade, esse texto tem um pouco mais a ver sobre o nome das coisas.

Assim como eu, em toda minha inocência, quis vir aqui e desabafar o quanto acho meu travesseiro desconfortável, aposto que muitas pessoas (meus 3 leitores) ficarão horrorizadas ou chocadas ou enojadas ou todas as anteriores só de ler o título (e a primeira linha em caps).

Mas isso não é porque essas pessoas ficaram horrorizadas/chocadas/enojadas/t.d.a. por se indignarem pelo meu forte sentimento de aversão ao meu travesseiro. "Ele também tem sentimentos, sabia!?", "Ele te ouve chorando as pitanga todo dia e você ainda diz isso pra ele?" entre outros certamente não são os pensamentos que passaram pela cabeça dessas pessoas.
O que eu vim discutir hoje é uma pouco mais sobre o conceito de denominação do que outros problemas.

Claro, o que me deu a motivação pra desenvolver esse assunto (e o shocker no título) foi o feminismo, mas seria legal entrar um pouco mais a fundo nesse assunto.

Como vocês já devem ter pensado por si mesmos, essa brincadeira de mau gosto foi feita com o propósito de iniciar este assunto de uma forma forte e que acho que todos irão entender (menos as pessoas que odeiam o feminismo de verdade??)
Assim como o meu eu-lírico de hoje acha que Feminismo é o nome próprio que deu ao seu travesseiro, cada pessoa acredita que feminismo é uma coisa diferente. Pode ser muito igual ao que outras pessoas acham que é o feminismo, até em níveis fundamentais, mas quem desenvolve esse conceito na cabeça de cada pessoa é ninguém menos do que ela mesma (pasmem!)

Não, eu não estou escrevendo parágrafos inteiros pra falar coisas óbvias como essas, mas, para falar desse assunto, preciso chegar ao nível fundamental de como nós nomeamos as coisas.
Quando nós éramos crianças, a forma que aprendemos os significados das palavras foi apontando pras coisas e associando um nome a elas. Dramatização:
*aponta para uma maçã* "Vermelho. Ver-me-lho."
*aponta para uma orquídia* "Azul Ardósia Claro. A-zul Ar-dó-si-a Cla-ro"
Enfim, por esse processo não ser igual para todo mundo (e por constantemente atualizarmos esses significados pros nomes), o que você imagina imediatamente quando ouve a palavra "batata" pode não ter a mesma forma e cor do que a imagem que outra pessoa teria.

Conforme vamos crescendo, podemos utilizar palavras mais básicas para ir definindo palavras mais complicadas, mas, fundamentalmente, o processo é tão pessoal quanto o de apontar pras coisas e falar as cores.
O problema que isso cria é que, para denominar conceitos mais complicados, é necessário que todas as pessoas tenham o mesmo conhecimento sobre o que significa esta coisa só de ouvir seu nome.
Até um ponto, esse problema é resolvido de cara pela mera existência de um dicionário aceito por todo mundo. Bateu uma dúvida sobre o que siginfica arbitrário? É só puxar seu dicionário mais próximo ou checar um online que não há mais confusão?

Mas o que acontece quando esses conceitos são mais complicados e necessitam de mais texto do que os dicionários podem colocar em uma página?

E o que acontece quando esses conceitos não muito bem definidos mudam todo dia e são discutidos na "boca do povo"?

E é aí que eu chego ao problema proposto de denominação.

Apesar de haver fontes mais populares, tipo a Wikipédia ou pessoas influentes no assunto, esses conceitos mais complicados são aprendidos, interpretados e conceitualizados de forma diferente por cada pessoa e uma vez que essas pessoas discutem o que o conceito é PARA ELAS, o significado vai mudando cada vez mais.

Falando agora do feminismo mesmo (mas lembrando que isso provavelmente se estende para qualquer conceito), parece que, com a conscientização e crescimento do interesse geral sobre o movimento, mais e mais parece que ninguém sabe o que o movimento realmente é.
Claro, pode haver uma concordância história muito grande sobre o que o movimento FOI, mas hoje em dia é inconfiável, ou no mínimo duvidoso, qualquer informação sendo divulgada pelas redes sociais.
Por que, você pergunta? Bom, antes de parar de ler um texto com aquele "Ahá! Sabia que você era um porco machista desde o começo", leia a próxima seção, por favor.

Com o crescimento do movimento nas redes sociais, qualquer pessoa pode acabar espalhando sua opinião para um grande público. Qualquer pessoa pode, sob o pretexto de ter estudado o movimento ou de ter vivenciado certas experiências, se tornar uma fonte que parece bem convincente para a maioria das pessoas que lerem.
Se houvesse apenas uma fonte, apenas uma definição sendo espalhada e todos concordassem unanimemente sobre o que é o feminismo, não haveria problema nenhum.
O problema é que surgiram várias "vertentes" do feminismo, pois as pessoas que concordavam com uma coisa ou outra passaram a aumentar a influência de tal vertente e a montar grandes grupos de pessoas que cada vez mais concordavam com tudo. Uma panelinha, se você me permitir chamar assim.
E assim surgem várias panelinhas, várias páginas e grupos no Facebook, várias pessoas famosas no Twitter, e cada uma dessas panelinhas diz ser tão Feminismo quanto qualquer outra. Só que acaba que elas são diferentes a níveis fundamentais, e às vezes tão diferentes a ponto de ser ridículo mas, mesmo assim, todas as panelinhas usam o pretexto e a fama do nome "Feminismo" para validar suas ideias e opiniões.

E eu falo muito sério quanto a isso. É muito fácil procurar a opinião das pessoas nas redes sociais e ver centenas delas, todas defensoras do feminismo, discutindo fervorosamente entre si. E a não ser que você não se interesse e nunca tenha pesquisado sobre o assunto, você SABE do que eu estou falando.
Há as feministas que acreditam que homens e mulheres deveriam ser iguais. Há as feministas que acham que homens nem deveriam ter o direito de defender o feminismo. Há feministas que dizem que discordam do feminismo e que defendem um movimento com outro nome. E, como você já deve ter previsto que eu ia dizer isto, também há feministas que acreditam que as mulheres são superiores, as infames feminazis.
Todas essas pessoas confundem o nome feminismo, mas elas provavelmente nunca vão discutir entre si pois, se uma pessoa "equalitarista" vai em uma página "feminazi" para refutar ideias que não concorda, ela será ridicularizada, pois entrou em um grupo fechado de centenas ou milhares de pessoas que têm (quase) a mesma definição de feminismo. O mesmo valeria se fosse o contrário ou qualquer outra combinação de "facções".

Pode ser que isso fosse resolvido se todas essas pessoas fizessem uma pesquisa breve. Talvez então haveria uma definição concreta e unificada do nome Feminismo, mas, infelizmente, as pessoas são preguiçosas. Contanto que elas consigam ter aprovação do círculo social em que vivem, a maioria dessas pessoas nunca vai se incomodar em pensar sobre essas coisas, e vai, então, tachar as pessoas com quem têm conflitos de ideias de não feminista, ou até machista. ou até... blé, isso:

- Nota: Tirado direto de uma página feminista que faz chacota de feministas

Enfim, se eu consegui prender sua atenção até aqui, gostaria de fechar o texto bem. Não com um fechamento super intelectual ou julgador, mas sim com um pouco de tolerância.
Quando você ver alguém falando algo "errado" sobre um conceito (lembrando: não só sobre feminismo), antes de exercer a intolerância e fazer chacota, pense se o que a pessoa está querendo dizer não é a mesma coisa que você pensa, mas com uma confusão de nomes (ex.: #naoprecisodefeminismo). Quem sabe até com uma pequena discussão, ambas as partes não saem mais esclarecidas?

Por enquanto é só, mas gostaria de saber sua opinião sobre isso também, que tal deixar um comentário ali embaixo? ;)

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Sobre conhecimento... Ou a falta dele, sei lá

Opa, quanto tempo!
Não sei se tem alguém que ainda gosta de ler o que eu escrevo, ainda mais sendo que eu nem divulgo mais esse cantinho escuro (mentira, porque faz tempo que eu mudei pra um layout claro (pra você mesmo que veio me pedir no ask.fm!))
Enfim, o que eu escrevo aqui geralmente são opiniões compridas demais ou coisas controversas demais que eu não quero publicar em redes sociais, mas ultimamente o que eu venho escrevendo no blog tem sido controverso demais até para eu querer apertar o botão de publicar haha!

Bom, desculpas à parte, vamos ao que interessa, até porque já faz um tempo que eu to sem escrever e já to ficando até animado com isso.

Sobre conhecimento. Na verdade, é meio que sobre a ausência deste. Bom, vamos ver no que dá.

Esse é um pensamento recorrente na minha cabeça nesses últimos anos, que veio ficando maduro desde então e acho que só atingiu agora aquele ponto eufórico em que eu posso dizer "eureka!"
Se trata sobre o desconhecido, sobre a gama de coisas do qual eu não sei nada a respeito.
Por um lado, eu sempre gostei de aprender várias coisas sobre tudo, e sempre achei que era capaz de entender tudo se eu desse atenção e consideração suficientes. Afinal, se tudo fazia sentido na minha cabeça, então com certeza deveria ser verdade, certo?
Bom, da pior maneira, a vida foi me mostrando que não. De pouquinho em pouquinho, mas sempre, eu tive que ir jogando fora coisas que eu dava por certas, para abrir espaço para novas certezas, novas opiniões e, principalmente, novas incertezas.
Foi aí que eu comecei a me tocar de verdade que existiam coisas que eu não sabia.

Mas, e aí, como é que eu vou saber sobre coisas que eu não sei? Pra começar, como é que eu vou saber que existe algo que eu não sei?
É muito fácil falar sobre o que nós sabemos ou já ouvimos falar, mas é literalmente impossível falar sobre coisas que não sabemos. Ninguém falava sobre o bóson de higgs até alguém teorizar e dar um nome pra ele, assim como nós não falamos de coisas que não sabemos até descobrirmos que ela existe.
Pode parecer pouco, mas isso introduz um problema muito, muito grande:

Nós não sabemos o quão ignorante somos até que seja tarde demais.

O que eu quero deixar claro entre nós é a ideia que não é possível medir a nossa ignorância, ou, em outras palavras, a quantidade de coisas que não sabemos.
Claro que foi fácil chegar à essa conclusão acima uns anos atrás, pois ela fazia perfeito sentido na minha cabeça, certo?... Certo?

... E então se fecha o loop e novamente não é mais possível saber se é possível saber o quanto não se sabe.
Confuso? Bem, deixe-me tentar me explicar:

Esse assunto vem passando na calçada da frente da casa da minha cabeça nos últimos anos meio inconscientemente, mas só veio tocar a campainha quando eu estava pronto pra ter uma perspectiva nova.
Então, pra contextualizar, pela primeira vez na minha vida resolvi deixar de ser amador e me especializar em alguma coisa, que foi a dança. Nisso eu passei um ano inteiro dedicado a estudar uma coisa só, e posso dizer que ainda estou longe de dominá-la, porém abriu uma gama de conhecimentos enorme para mim, coisa que há um ano eu não fazia ideia que era possível!

Antes eu me sentia plenamente capaz com os conhecimentos que eu tinha, que vinham dos estudos na universidade ou dos vários hobbies que eu tentei cultivar. Mas, mesmo assim, só de pensar que havia tanta coisa que eu ainda não fazia ideia que existia, minha cabeça deu algumas voltas só de imaginar:
"Se isso foi só sobre um assunto, quantas coisas será que eu não sei???"

Ou seja, tudo que eu entendo do mundo eu aprendi ao longo de algumas trilhas pelas quais passei na minha vida. Só de pensar em todas as outras trilhas, todos os outros cursos técnicos e superiores,  todos os outros hobbies e todas as outras coisas sobre as quais eu nunca parei pra pensar, só assim eu consegui ter uma perspectiva um pouco maior sobre o quanto eu não sabia.

Bom, se o texto não estiver fazendo efeito ou se você só deu scroll pra ver como o post acaba, tá aqui um TL;DR.
É fácil saber o quanto sabemos. É fácil saber que existem coisas que não sabemos.
Mas é impossível saber quais e quantas coisas não sabemos.
Isso tem até estudos e um nome próprio: Efeito de Dunning-Kruger.
Fica aí a recomendação de um vídeo que eu acho bem interessante e, apesar de tê-lo visto em julho do ano passado, só fui entendê-lo de verdade agora.
VSauce - What is The Speed of Dark? (em inglês, marca em 8:49)

Bom... Conclusão?
Acho que seria "Nunca subestime o conhecimento das outras pessoas. Elas podem até não entender algumas coisas que você entende, mas nada garante que o mesmo não acontece para o seu lado."
É só questão de conseguir se comunicar e trocar novos conhecimentos, só não me pergunte como -q