segunda-feira, 29 de junho de 2020

Sobre romantismo e eu nem vou fazer piada sobre não postar nada aqui em uma eternidade porque eu sei que ninguém está ansiosamente aguardando minhas postagens

Agora que as formalidades foram devidamente superadas, vamos direto ao ponto:

Porque o editor de texto do blogspot escreve em fonte com serif? Que horrível
Ainda bem que você, leitor, doravante denominado apenas como, e nada além de, você, lerá em bom e velho Arial normal.


 Pensando agora, deve ser a 4ª ou 5ª vez que posto sobre o assunto, e até queria fazer uma homenagem às postagens anteriores, mas fiquei com preguiça e meus textos antigos são totalmente defasados da realidade, de qualquer forma, então fica como exercício ao leitor. (única exceção à regra para fazer referência àqueles livros de física)

Vamo que vamo que o bagulho é bão:

Tenho uma opinião (certamente impopular)  sobre romantismo:
Pega, joga fora e taca fogo antes que tenha chance de infestar sua casa (referenciando metaforicamente o seu ego)


Antes de me justificar: Relacionamentos humanos são conceitos abstratos, e existem puramente no coletivo interpessoal que chamamos de bom senso. Há conceitos diretos, por exemplo o de pais e filhos que é biologicamente palpável, mas o resto é um delírio coletivo da humanidade...
O que não quer dizer que não existe, mas apenas que não há verdades absolutas.

Romantismo: Origin

*pôster em cores azul e laranja em contraste*

O conceito de romance em si, e até o de amor, é uma ideia que nasceu da mente humana e foi passada ao longo do tempo, se difundindo como um fenômeno social de forma global.
Eu com certeza poderia investigar as diferenças entre a cultura atual e outra historicamente distante, traçar paralelos, aprender mais sobre o assunto e ilustrar melhor minha opinião, mas quem tem tempo pra isso, né?


Meu ponto é que, independente do que esses conceitos foram no passado, o que eles são hoje são moldados pela história que formou nossa cultura atual e quasi-global.
Falo, em grande parte, dos movimentos artísticos que estão presentes hoje, mesmo que a educação que recebemos ao crescer ainda possa ser um fator significativo (incluindo a opinião de influenciadores da era digital).

Músicas, peças, livros, contos, filmes e até mesmo a pequena janela que temos para observar a vida de outras pessoas, em redes sociais ou não, todas contribuem para difundir a ideia mais aceita de amor e romance.

Até aqui, imagino que você não tenha achado nada de impopular ou errado, mas é aqui que consolido meu papel antagonista ao bom senso: os conceitos socialmente aceitos de amor e romance são, fundamentalmente, não práticos e baseados em histórias fictícias sobre-dramáticas.
Gostaria de por, em contraste, um conceito de amor recente na história do Brasil: o de você ser herdeiro de uma fazenda e se unir com outra pessoa herdeira de uma fazenda vizinha, de forma que possam unir as terras e prosperarem no futuro.

Um conceito instiga nossa imaginação e nos inspira
O outro é prático e mantém as pessoas vivas


Nós aprendemos a amar com Romeu e Julieta, ou com Teresinha (do Chico Buarque), ou com Kirito e Asuna (de SAO), ou sei lá, cita mais exemplos aí você

Todas são histórias (ou estórias, se for para pedantear) que cabem em minutos, horas ou, no máximo, dias.
Nenhuma história reflete a vida inteira de uma pessoa: suas ambições, interesses, habilidades, hobbies, metas, amigos, familiares...

Na limitação inerente ao conto de uma história, detalhes importantíssimos sobre as personagens são omitidos, e os contadores focam nos atributos mais relevantes às histórias.
Assim, nascem relacionamentos como o da saga Crepúsculo, onde há um casal protagonista onde um é obcecado pelo outro. Não há espaço para poréns ou detalhes práticos do dia a dia, apenas uma verdade absoluta que um "é feito" para o outro, e o resto da trama se desenvolve como obstáculo à essa verdade.


De forma geral, o ideal romântico é apresentado como verdade em histórias que não são verossímeis. Não há espaço para as personagens que precisam dedicar a maior parte do seu tempo no trabalho, ou que precisam levar o lixo para fora mas, mais importante do que isso, não há espaço para o dia a dia e vida de um casal.
É comum encontrar nas redes sociais desenhos de casais felizes que são, obviamente, limitados pelos momentos que ilustram. Um abraço embaixo de uma árvore, uma noite de sono abraçados, etc.
Estes momentos pintam a vida dos personagens como se fossem a totalidade do relacionamento, quando na verdade são coisas rotineiras que só duram instantes (ninguém fala "vamo lá no parque pra se abraçar embaixo da árvore?")... Se bem que, escrevendo isso agora, parece bem razoável alguém sugerir isso para tirar uma foto e perpetuar a cultura do "amor e romance" como um fenômeno social.


Enfim, relacionamentos são muito mais do que cabe em uma história, e o tempo em um relacionamento consiste, em sua maioria, na vida prática: Comprar comida, pagar as contas, arranjar coisas para fazer, limpar o banheiro, etc.
Isso você só consegue fazer com alguém que confia em você, se comunica claramente e está disposto a fazer suas vidas juntos o mais práticas e felizes possível.

Para mim, essas são as qualidades que realmente importam num relacionamento, seja amoroso, amistoso ou antagonista (vo te quebrar na porrada com carinho)
Quanto ao resto: grandes gestos de amor (que qualquer um com dinheiro pode fazer), obsessão onde só tem que existir você na cabeça da outra pessoa (e vice-versa), ciúmes como se um fosse posse do outro ou um estilo de vida onde parece que as duas pessoas vivem pra ficar abraçadas num canto... Pega, joga fora e taca fogo antes que se prolifere.

Dos casais que eu conheci na minha vida, o comum é as pessoas fazerem esforços descomunais para se adequarem "à regra", com o relacionamento existindo mais na vida pública como um status social do que na vida privada como felicidade.
Independente de apenas uma pessoa ou ambas estarem na ilusão do relacionamento romântico, o fim é que a vida prática é implacável, só depende o quanto os casais estão disposto a resistir para manter a fantasia viva.


 Palavras para encerrar o assunto

Enquanto somos adolescentes temos, de uma forma geral na vida, um bom tempo em um ambiente seguro para alimentarmos fantasias. Nessa fase podemos formar nossas opiniões e fazer coisas idiotas sem perder tudo, e nisso consumimos (eu incluso) muita porcaria que não faz sentido com a vida real.
Acho desnecessário apontar qual faixa etária é a consumidora principal de histórias românticas irreais difundidas na cultura pop, mas pelo contexto já forcei minha resposta sem precisar explicitá-la (comunicação de forma implícita é um veneno, aliás).


Eu gostaria de, na medida do possível, melhorar a vida das pessoas ao meu redor, e acredito que meu ponto de vista sobre relacionamento seja mais saudável que o ditado pelo status quo. Acho que as pessoas têm muito mais a ganhar abandonando a perspectiva romântica adolescente e adotando um ponto de vista mais prático e saudável em seus relacionamentos.
 
E, bom, assim como as histórinhas românticas, este post também é limitado em relação à quantidade de ideias e pensamentos que eu consigo colocar aqui. Acredito ter escrito o suficiente para ilustrar meu ponto de vista, mas cabe a você decidir se é suficiente ou não.
Você concorda? Discorda? Deixe seu comentário, dá um joinha e se inscreve no canal!


Se você estiver no meu círculo social, me chama pra trocar uma ideia, sei lá.

Esclarecendo um ponto que passou em branco: Toquei apenas em relacionamentos monogâmicos nos meus exemplos, até porque não sei como funcionam relacionamentos poligâmicos na prática (cada relacionamento deve ter uma dinâmica diferente, sei lá), e acho que o poliamor livre não traz a mesma dinâmica de dependência interpessoal da família tradicional brasileira.


PS: Se você estiver lendo isso em 2024, me manda um zap com os 16 números do seu cartão de crédito + os 3 números atrás