quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Gramática ou Ingramática?

Não é de tão pouco tempo que vem esta discussão entre literários ou aspirantes de Pascoale, mas, agora que ela está finalmente entrando no âmbito das escolas, acho que já tenho calibre pra dar minha opinião.

Resumindo a ópera, pra quem ainda não se informou (e não tenho fontes pra isso), a discussão é sobre a necessidade ou não do uso correto da gramática como a conhecemos (ou achamos que conhecemos).

- O uso correto é defendido pela necessidade de se comunicar e manter a ordem etc etc etc.
- O não uso é defendido pela aceitabilidade do mesmo: afinal, a finalidade da própria comunicação é ou não é apenas transmitir uma mensagem? Qual é a diferença entre "Onde fica o banheiro? Preciso usá-lo." "Ow, kd as privada, qro da um mijão"... Ok, qual é a diferença - tirando a falta de educação?

Ou seja, contanto que a outra pessoa consiga captar a mensagem, qual é a necessidade do uso formal das palavras ou, às vezes, até o uso delas? E é aí que entramos na grande, má e assustadora discussão.


- Big, mean and scary :C
Começo a mostrar as minhas próprias idéias com uma pergunta retórica (pra variar):
Como será a nossa gramática daqui a alguns anos ou décadas?
Ok, agora é até possível imaginar como gírias e erros gramaticais conseguem dar conta do recado, mas e depois?
Digo, gírias foram feitas para simplificar a comunicação com um certo grupo social, trocando um punhado de palavras grandes e assustadoras por palavras simples e rápidas de dizer. Ao mesmo tempo, erros gramaticais geralmente surgem pela dificuldade de algumas palavras serem pronunciadas ou memorizadas.
Seguindo essa linha de raciocínio, podemos dizer que isso é uma tendência, ou seja, as gírias e erros de agora continuarão passando por mais um processo de "ingramaticação" e estas, por suas vezes, continuarão passando por este ciclo. Ou seja, de gíria em gíria, muitas palavras são perdidas, até que um dia não haja mais nenhuma pra representar tal idéia ou ação e nós já estamos neste ciclo! Já há palavras perdidas e até uma língua morta, o latim.

A língua, a gramática e até os gestos foram criados para criar ordem na comunicação humana. E conseguiu! Comparando com os antigos homo sapiens, hoje nós conseguimos transmitir idéias complexíssimas usando uma única frase (ou gesto). Porém, tire essa ordem e nossa tendência é, dado um grande intervalo de tempo, voltar aos grunhidos cavernais, adaptados ao nosso estilo de vida futuro, que provavelmente não seria civilizado, vide Idiocracia (dublado em baixa qualidade no youtube).

Essa é a minha idéia principal, porém, também tem tantas áreas que são afetadas, todas derivadas da comunicação, como a música, poesia, filmes, manuais e até o próprio ato de instruir, entre várias outras coisas. Vai chegar um tempo (na verdade, talvez até já tenha chegado) em que as pessoas não serão mais capazes de expressar alguma mensagem ou sentimento através de palavras e os leitores já não vão saber o que algumas delas siginificam.

Enfim, deixando toda essa viagem no tempo de lado, a gramática é uma coisa ruim de aprender? Sim. É um objeto usado como desigualador social? Sim. Mas não deixa de ser essencial à vida em sociedade e também à riqueza intelectual humana.

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